A ORIGEM DO XAMANISMO

O xamanismo é a arte sagrada de alterar o próprio estado de consciência a fim de penetrar em outros domínios da realidade, nos quais habitam os espíritos.

É importante compreender que o xamanismo não é a mesma coisa que a espiritualidade dos nativos americanos.

A palavra shaman (xamã), utilizada internacionalmente, tem sua origem na língua Manchú-Tangu e atingiu o vocabulário etnológico através da língua russa. A palavra se originou a partir do Tungus saman (xaman), derivado do verbo “scha”, “conhecer”, de modo que xamã significa alguém que sabe, ou seja, que é um sábio. Novas investigações etnológicas mostraram que a verdadeira origem da palavra “Shaman” foi rastreada do Sânscrito, inicialmente, e em seguida, através da mediação chinesa-budista ao Manchú-Tangu, indicando claramente, apesar de esquecido, que o Xamanismo possui uma conexão profunda com o Brahmanismo e o Budismo. Na língua Pali é “schamana”, em Prakrit é “samana” e em Sânscrito original é “sramana”, traduzido para algo como “asceta”. Existiu na Índia antiga o Sramanismo e o Brahmanismo, onde o Sramana possuía o ofício de se conectar com os espíritos da natureza para promover a cura, e o Brahmana, era responsável pelas atividades auspiciosas e cerimoniais, e foi assim que ambos, exerciam de certa forma, um tipo de xamanismo ancestral. Essas fontes antigas apontam a origem de um xamanismo que se evidenciou milênios depois na Sibéria.

Quando você ouve a palavra “xamanismo”, quais imagens lhe vem à mente? A maioria das pessoas imaginam cocares de pena, couros de búfalo, rodas de medicina e filtros dos sonho – todas as imagens associadas a cultura dos nativos americanos. Mas ao contrário da opinião popular, um “shaman” não é um homem de medicina, e “xamanismo” não é uma religião nativa americana. De fato, muitos nativos americanos se ofendem quando os termos “xamã” e “xamanismo”, são associados a eles.

A palavra “xamã”, verdadeiramente, se originou entre os nativos da Sibéria, onde se descreve um tipo especializado de pessoa santa. Os xamãs interagem com divindades e espíritos, não só com a oração, ritual e oferendas, mas através do contato direto com os próprios espíritos. Com o auxílio de percussão rítmica e canto, ou senão, pela ingestão de substâncias psicotrópicas (como ayahuaska, san pedro, amanita muscaria), o xamã entra em transe, um “êxtase” muito profundo, ou seja, assume um estado místico de sair do corpo. Este transe liberta a consciência do xamã do corpo, permitindo que ele “voe” para os reinos que os espíritos habitam, e experimentar os “Outros Mundos”, com todos os sentidos do reino físico comum.

Antes do xamanismo se fundamentalizar na Sibéria, o papel do xamã já era de certa forma exercido pelo sramana, na Índia e nos Hymalaias. Tanto os sramanas como os brahmanas praticavam o yoga, e ambos eram yogues. O Yoga é uma tradição iniciática que surgiu do xamanismo que se fundamentalizou na Sibéria, e não do Sramanismo, que é um tipo de xamanismo ancestral anterior à Sibéria. Segundo Michael Harner, a transição do Xamanismo (siberiano) ao Yoga aconteceu na época em que surgiram no Oriente as cidades-estado e os xamãs passaram a ser perseguidos e mortos pelos representantes das religiões oficiais. Para não serem encontrados pararam de tocar seus tambores e foram obrigados pela situação, a elaborarem métodos silenciosos de alteração da consciência, como a meditação por exemplo. E foi assim, segundo a reconstituição que Harner faz da história antiga, que surgiu a tradição yogue.

O xamanismo que surgiu na Sibéria é uma das mais antigas práticas divinatórias do mundo para promover a cura e bem-estar espiritual. Por evidências arqueológicas e antropológicas, essa prática já existe há cerca de 20.000 a 30.000 anos. Evidências do Xamanismo foi encontrado globalmente em regiões isoladas das Américas, Ásia, África, regiões da Europa e Austrália.

É mais proeminente em culturas tribais. Hoje, vários povos tribais, bem como várias tribos nativas das Américas praticam este conhecimento espiritual antigo.

O xamã é um homem sagrado e privilegiado, que trabalha em prol de sua comunidade. Essa mesma função já era partilhada pelos sramanas e brahmanas da Índia antiga, a mais de 75.000 anos, que cumpriam seus sacrifícios e demais rituais para o bem dos outros, quer sejam os espíritos de seus ancestrais, quer a sua família imediata, quer toda a comunidade.

PARA OS BUSCADORES DA ORIGEM DO SABER:

“O xamanismo floresceu na Índia e,.ainda perdurou abertamente na Ásia Central. É uma prática apenas recentemente abandonada em boa parte do mundo.

A evolução das observâncias religiosas progrediu do aplacamento, restrição, exorcismo, coerção, conciliação e propiciado até o sacrifício, expiação e redenção. A técnica do ritual religioso passou das formas primitivas de culto aos fetiches até a magia e os milagres; e, à medida que o ritual se tornou mais intrincado, para responder ao conceito cada vez mais complexo que o homem fazia dos reinos supranaturais, ele ficou inevitavelmente dominado pelos xamãs.

Com o progresso dos conceitos do homem primitivo, o mundo espiritual acabou por ser considerado como não sendo sensível aos mortais comuns. Apenas os seres excepcionais, dentre os humanos, podiam chegar ao ouvido dos deuses; apenas os homens e as mulheres extraordinárias poderiam ser ouvidos pelos espíritos. A religião, assim, entra em um nova fase, um estágio em que ela gradativamente passa às mãos dos intermediários; sempre um curandeiro, um xamã ou um sacerdote interpõe-se entre o religioso e o objeto da sua adoração. E, hoje, a maioria dos sistemas de crenças religiosas organizadas na Terra está passando por esse nível de desenvolvimento evolucionário.

A religião evolucionária nasce de um medo simples e todo-poderoso, o medo que surge na mente humana quando ela se confronta com o desconhecido, o inexplicável e o incompreensível. A religião finalmente alcança a compreensão profundamente simples de um Amor Todo-Poderoso, o amor que invade a alma humana de um modo irresistível, quando ela desperta para a concepção da afeição ilimitada do Pai Universal pelos filhos do universo. Todavia, entre o começo e a consumação da evolução religiosa, interpõe-se a longa era dos xamãs, os quais presumem colocar-se entre o homem e Deus como intermediários, intérpretes e intercessores.”

– O LIVRO DE URÂNTIA (Bestseller Internacional) – Pág 986 e 988
Primeira Edição – 1955
Fundação Urântia – USA

Assim, as novas pesquisas apontam que o xamanismo que surgiu na Sibéria, de fato, possui suas raízes no Sramanismo e Brahmanismo que era praticado na Índia antiga e por todo o Hymalaia.

Jaya Ahow

Akaiê Sramana

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