O xamanismo trata-se na verdade, de um conceito natural de vida muito mais amplo que se possa imaginar. O xamanismo se tornou uma das mais importantes práticas espirituais da humanidade, desde a antiguidade até os dias de hoje, graças às diversas tradições xamânicas que surgiram e colaboraram para a expansão da consciência xamânica por toda a Mãe-Terra. Sem estas tradições não haveriam meios de expressão da amplitude, espiritualidade e totalidade que envolve as práticas xamânicas, através de seus variados arquétipos, princípios e movimentos energéticos que interagem com a psiquê humana, despertando a espiritualidade, o desenvolvimento mental e emocional, o auto-conhecimento e a auto-cura, influenciando diversos outros aspectos do ser-humano.
As tradições xamânicas são os espelhos que refletem particularidades e ao mesmo tempo características singulares de regiões distintas da Mãe-Terra que praticam o conhecimento e sabedoria do xamanismo, baseados em costumes locais, diferentes idiomas e sistemas de crença. Sem falar da influência específica que a fauna e a flora local proporciona, diferenciando o conhecimento entre as tradições xamânicas. Importante mencionar que em certos lugares do planeta, há certas tradições xamânicas que existem e vivem dentro de regiões onde está localizado vórtices energéticos, movimentos de placas tectônicas, placas de cristais abaixo do solo, onde acontecem diferentes fenômenos naturais, entre outras caracterísiticas locais que influencia suas crenças, tipo de fé, ritualística e costumes. Porém, os arquétipos centrais do xamanismo, são sempre encontrados em todas essas tradições, como a observação da ciclicidade da vida através da Roda de Medicina, os Ritos de Passagem, as 4 Sagradas Direções, os 3 Mundos, os Guardiães, os Animais de Poder e Aliados, etc.
O xamã, é o sustentador do conhecimento que envolve as práticas xamânicas, dentro de uma tradição. Existem diversos tipos de xamãs: xamã curandeiro, que trabalha com as ervas e as plantas de poder, no intuito de exorcizar espíritos e purificar seus pacientes; o xamã feiticeiro, que atua através da influência de espíritos para realizar seus trabalhos; o xamã sacerdote, que realiza cerimônias auspiciosas, casamentos, batismos e cerimônias fúnebres; entre vários outros tipos de xamãs, porém todos, desenvolve suas práticas dentros dos princípios de uma tradição xamânica: xamanismo americano, xamanismo andino, xamanismo celta, xamanismo ancestral, xamanismo siberiano, e muitos outros. O papel do xamã sempre é exercido dentro de uma comunidade como líder espiritual, pois vive o xamanismo como fundamento de vida, nada mais faz a não ser a dedicação ao exercício, sempre realizando suas dietas medicinais e jejuns espirituais, buscando dedicar boa parte do seu tempo para o silêncio, meditação e oração, estando sempre disponível para atender ao chamado de algum de seus pacientes ou para realizar algumas das diversas cerimônias que envolve o xamanismo.
Geralmente, o xamã já nasce dentro de uma família tradicional, que pratica e vive o conhecimento do xamanismo. E desde criança é preparado para o ofício, por alguém da família que já exerce o papel de xamã, e vai transferindo sua sabedoria para o neófito. Atualmente, existem muitos xamãs, e muitos praticantes da sabedoria, técnicas de cura e de transe, e do conhecimento que o xamanismo possui. Um xamã nunca se autoproclama, as pessoas, que o identicam como tal. Dentro de um sistema de crenças comunitário, ele acredita, e se predispõe desde cedo ao ofício, e passa a honrar seu papel.
Após a pessoa aceitar o chamado para se tornar um xamã, deve procurar um mestre xamã para lhes ensinar e iniciar, isso exige vários anos de estudo e dedicação. Sua escola será a natureza, onde aprende com as plantas, as pedras, os animais, com os elementos ar, fogo, água e terra. Os costumes e crenças de seus ancestrais são aspectos de muita importância no desenvolvimento do xamã, e servem para influenciar na aceitação de sua guiança, proteção e ancestralidade. O xamã desenvolve através de seus estudos e iniciações, habilidades sobrenaturais, que permitem desenvolver o contato com deuses e seres de outras dimensões energéticas, de onde recebe orientações superiores e capacidade de predizer acontecimentos futuros.
Praticar o xamanismo significa esta aberto a fazer parte desta totalidade, que envolve a vida e seus variados aspectos, dentro de um sistema de vida clânico. Sem a existência do “clã”, do verdadeiro espírito de grupo, de irmandade, não existe xamanismo, existe práticas espirituais pautadas no conhecimento do xamanismo.
O clã é a pedra filosofal das tradições xamânicas, onde o xamã exerce o papel de maior influência, pois é referência de espiritualidade, força e cura, e de possuir a capacidade de contactar com os deuses. Este ofício o classifica como um ser dotado de habilidades e poderes sobrenaturais, que na verdade já nascem com o xamã, mas apenas são abertos nos momentos iniciáticos. Porém, dentro do clã, existem outros papéis de liderança, que auxiliam na organização do clã, para que se possa viver o estilo de vida xamânico.
As práticas do xamanismo sempre envolveram o uso dos enteógenos, a consagração espiritual das plantas medicinais, de poder e mestras professoras, em cerimônias e rituais de cura, para promover a cura, a limpeza, a purificação e a expansão da consciência, no objetivo de exercer no ser humano um poder de lapidação e de identificação de suas sombras e fantasmas ocultos, exaurindo a sujeira mental, e alimentando a matéria, a mente e a alma, de elementos vegetais e naturais que potencializam a Energia Vital, proporcionando saúde e aumento da imunidade, e bem estar físico, emocional, mental e espiritual, sempre sentido durante e após as experiência xamânicas.
No Brasil, existe um tipo de xamã muito conhecido, que é o pajé. Compreenda, existem vários tipos de xamã, e o pajé é um deles. Poderia lhes dizer, que seria um dos tipos de xamãs mais poderosos que existem, pois além do conhecimento das medicinas que possuem, herdam toda uma cultura influenciada pela crença e contato energético e astral com os espíritos e seres encantados da floresta, que o ensina e o inicia em seus mistérios. Dando ao pajé o poder para curar e realizar verdadeiros milagres.
O xamanismo não se reduz a uma planta de poder. As plantas são “meios”, “ferramentas”, que os xamãs utilizam nas práticas xamânicas, para promover a cura e para proporcionar estudos superiores em dimensões energéticas onde a psiquê humana apenas tem acesso através da expansão da consciência, promovidas por certas plantas.
O xamanismo trata-se na verdade de uma verdadeira ciência espiritual, que se pauta nos costumes ancestrais, onde as culturas nativas e indígenas de todo planeta, colaboraram enormemente para o surgimento do grande banco de dados que atualmente o xamanismo possui, e que é acessado pelas diversas tradições.
Aos irmãos que pretendem aprender com o xamanismo, as plantas e medicinas são de fato, um ótimo portal, que pode abrir o interesse para se aprofundar no estudo e no desenvolvimento do xamanismo, porém, não se faz um xamã, se nasce xamã. Leva muito tempo para uma pessoa se transformar num verdadeiro xamã, talvez uns vinte anos, no mínimo. Mas todos podem se beneficiar com os resultados das práticas e do conhecimento do xamanismo ancestral, para o aperfeiçoamento e estudo da consciência e para a cura de muitas patologias, que a medicina convencional não possui solução.
Estamos em um momento de grandes mudanças e transformações planetárias, e o xamanismo certamente estará em evidência no futuro, contribuindo significativamente para o avanço da humanidade, em seus variados campos, setores e plataformas operacionais, e provavelmente, servirá de “bússola” para as novas gerações, que já nascem com uma melhor conscientização ecológica e ambiental.
Rogo ao Grande Espírito, um dia cruzar vosso caminho, para relembrarmos juntos, os costumes ancestrais de fraternidade, irmandade, união, alegria e amor.
Grande beijo no coração,
Jaya Ahow
Akaiê Sramana