A ALMA, A PERDA E O RESGATE DA ALMA

“O Mundo Externo nada mais é do que a projeção inconsciente do nosso Mundo Interno!” 

Dentro do contexto xamânico, alma significa “essência vital”, o princípio da vida que gera saúde, equilíbrio, felicidade, bem-estar e que também é considerada a sede dos nossos sentimentos, emoções e sensações.

A alma, a perda e o resgate da alma

De acordo com a sabedoria xamânica, uma das principais causas das doenças é a “perda da alma”. Que é considerada uma doença de cunho espiritual, que acarreta desequilíbrios físicos e emocionais. E um dos principais ofícios do xamã é cuidar do Espírito das pessoas quando ele adoece.

O xamã se movimenta pelo Mundo dos Espíritos para descobrir e identificar os fatores espirituais da doença, para resgatar uma alma, para obter informações, para contatar seus mestres e mentores espirituais, para ajudar e conduzir os espíritos, além de realizar diversas cerimônias e tratamentos espirituais.

Desde o tempo que remota o surgimento das primeiras tradições xamânicas, acreditava-se que a doença era causada pela “perda da alma”, que era atribuída a uma alma que fugia ou escapava do corpo, por não suportar a dor de uma situação muito dolorosa, ou era perdida ou roubada por outras pessoas ou forças maiores. Qualquer evento que causasse um choque poderia causar a perda da alma. E era aí que o ofício do xamã entrava em cena. O xamã era a pessoa que lidava com o aspecto espiritual da doença, que poderia ser tanto física, emocional ou mental, diagnosticando, tratando, buscando informações, comunicando-se e interagindo com o Mundo dos Espíritos, como um tipo de guia ou condutor (psicopompo), que ajuda as almas a atravessarem de um mundo para o outro.

Uma das principais características que definem os xamãs e os diferenciam de outros curadores, é a utilização do tambor, instrumento indutor do transe – estado extraordinário da realidade que os xamãs se submetem para resgatar as almas perdidas. E é por meio das jornadas a toques de tambor, que o xamã expande a consciência para além do tempo e do espaço, dissociando-se do presente, e obtém auxílio e informações para ajudar seu paciente, a família, amigos ou toda a comunidade.

Nos dias atuais é mais comum associarmos a “perda da alma” como o resultado de algum trauma, como abuso, incesto, perda de um ente querido, cirurgias, acidentes, doenças venéreas, aborto, estresse, vícios, separação dos pais na infância, ou qualquer situação que tenha causado algum tipo de estranheza ou despersonificação muito profunda.

Relacionamos a seguir, alguns exemplos clássicos de “perda de alma”:

– Quando uma pessoa passa por algum trauma ou choque emocional muito profundo;

– Quando uma pessoa muito querida como esposo(a), filho(a) ou amigo(a) morre;

– Quando realizamos uma cirurgia e temos a sensação de que não retornamos por completo da anestesia;

– Quando uma pessoa está envolvida em uma relação abusiva e sente-se fraca ou impotente para se separar;

– Quando uma pessoa encerra um relacionamento mais ainda possui a sensação de que algo houvesse sido deixado com o parceiro(a);

– Quando uma criança não se sente amada, ou se sente desprezada pelos pais;

– Quando uma criança sofre abuso físico ou sexual;

– Quando uma criança fica constantemente doente, ou com alguma enfermidade grave ou crônica;

– Quando uma pessoa se sente despedaçada por dentro, sentindo que falta uma parte essencial de si mesma;

– Quando uma pessoa tem lacunas na memória, ou que não tem lembranças dos 7 aos 14 anos de idade;

– Quando uma pessoa sofre de depressão crônica;

– Quando uma pessoa é estuprada ou sexualmente violentada;

– Quando uma pessoa se sente vazia ou incompleta;

– Quando ocorre um divórcio, seguido de um período de grande pesar;

– Quando uma pessoa esteve em uma guerra;

– Quando uma pessoa foi vítima de um ato terrorista;

– Quando uma pessoa sofreu de algum tipo de ato moral;

– Quando uma pessoa sofreu de algum desastre natural (furacão, terremoto, tornado, etc);

– Quando uma pessoa sofreu algum incêndio;

– Quando uma pessoa entra em coma.

De alguma maneira, a maioria das pessoas já passaram por alguma perda de alma em algum nível. Algumas pessoas foram mais profundamente traumatizadas pela vida, enquanto outras, a vida parece ter sido mais generosa, onde elas não tiveram a necessidade de se proteger tanto. Independentemente da quantidade de traumas, a grande maioria das pessoas anseiam por um sentido mais pleno de vitalidade e de ligação com a vida.

Por isso é muito importante compreender que a perda da alma não é algo totalmente negativo que acontece ao ser humano, mas sim um mecanismo de autossobrevivência, para suportarmos a dor. Nosso mecanismo de defesa atua de maneira a preservar parte da dor, deixando ir embora a alma, para que possamos vivenciar a dor com menos intensidade. Porém, do ponto de vista xamânico, a alma não retorna facilmente ao corpo por si mesma. A alma pode se perder ou ser roubada por alguém, ou não ter a mínima noção que a pessoa já superou ou se tratou do trauma e que é seguro retornar para o corpo. Por essa e várias outras razões é que a função do xamã tem sido penetrar o Mundo dos Espíritos, principalmente para descobrir para onde a alma escapou, para trazê-la de volta para seu paciente.

O CÍRCULO SAGRADO DO RESGATE DE ALMA

O trabalho de Resgate de Alma é uma prática de cura xamânica que se inicia com o xamã criando um círculo sagrado, para que os membros de seu clã se juntem para desenvolver um campo de proteção, onde a confiança, ajuda mútua, colaboração e o amor incondicional possam estar presentes. É dentro desse contexto que qualquer pessoa que esteja sofrendo ou que esteja doente, é acolhida pelo clã.

Somente através do clã é que a cura se desenvolve. Mas para que isso aconteça, o xamã deverá se dissociar do ego, para permitir que os espíritos o conduza ao Mundo dos Espíritos para resgatar a alma da pessoa doente.

O xamã toca seu tambor e começa a cantar, invocando a presença da Mãe-Terra, do Grande Espírito, da natureza e dos animais. Dentro do círculo sagrado se encontra uma fogueira, e deitado ao lado esta a pessoa doente, concentrada, receptiva e aberta para receber a cura.

O xamã convida o clã para seguir com os toques de tambor, enquanto ele se aproxima do doente, deita-se a seu lado, e segurando sua mão, realiza o voo do xamã. Em transe, vai em busca da alma de seu paciente, explorando as dimensões espirituais e tentando descobrir onde a alma perdida se encontra. Essa jornada pode durar vários minutos ou até várias horas. Durante o trajeto o xamã explora várias regiões do Mundo dos Espíritos, desde as regiões mais baixas até as regiões mais altas do Universo Astral. Uma vez encontrado a alma, o xamã então se aproxima e negocia, energiza e muitas vezes cura a alma, antes mesmo de trazê-la de volta para o coração de seu paciente. Iluminando novamente o corpo com sua própria luz essencial.

O paciente recebe sua alma de volta e o clã inteiro se cura. Quando alguém do clã se cura, todos do clã também se curam. E assim todos voltam novamente a viver em paz, amor e união.

Para finalizar o xamã agradece a Mãe-Terra, o Grande Espírito, o Mundo dos Espíritos, seus mestres e mentores espirituais, pela cura recebida.

E é através do Resgate de Alma e do ressurgimento do xamanismo e das curas xamânicas, que de fato, estamos aprendendo a respeitar a grande matriz dos antigos conhecimentos humanos, para compreender sua importância potencial nos dias atuais, para promover o bem-estar e saúde para todos os habitantes da Mãe-Terra.

Para obter mais informações dos treinamentos que ministro de Resgate de Alma, clique aqui!

Lindo seja seu caminhar,

Akaiê Sramana

PRÓXIMAS TURMAS DE RESGATE DE ALMA

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